Parceria entre Fundação Schneider e UNILINS reforça que inclusão é um projeto de país — e que superar o preconceito é parte essencial da inovação social
Em um país onde a reinserção de ex-detentos ainda enfrenta barreiras estruturais e culturais, uma iniciativa no interior paulista está iluminando caminhos antes apagados. Desde o início da parceria entre a Fundação Schneider e o Centro Universitário de Lins (UNILINS), mais de 2 mil reeducandos em 19 penitenciárias do estado de São Paulo foram capacitados como Eletricistas Instaladores — uma formação que oferece mais do que técnica: oferece dignidade.
O curso, ministrado dentro das unidades prisionais, tem como objetivo estimular disciplina, desenvolver habilidades profissionais e preparar os participantes para o mercado de trabalho. Em 2024, o projeto foi ampliado para novas unidades, incluindo uma penitenciária feminina, reforçando o compromisso com a inclusão de todos os perfis.
A iniciativa faz parte do Programa de Acesso a Treinamento da Schneider Electric, que já formou quase 90 mil pessoas em áreas como energia e STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) no Brasil.
A parceria com a UNILINS e o apoio da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) mostram que, quando empresas, instituições de ensino e o poder público se unem, é possível construir pontes entre o encarceramento e a cidadania.
Vozes que transformam
O impacto do projeto pode ser medido não apenas em números, mas nas histórias de quem viveu essa transformação. André Araújo, de Barretos, que passou 12 anos no sistema carcerário, é hoje um exemplo vivo de reinserção bem-sucedida: “Tive acesso ao projeto e me aprofundei em todo o conteúdo disponibilizado, que foi super útil para mim, pois hoje já estou atuando profissionalmente no setor, prestando serviço e com meu MEI aberto.”
Leonardo Silva, outro participante, compartilha: “Graças à qualidade do ensino eu já consegui emprego, antes mesmo de pegar o certificado”. E complementa com uma metáfora que resume o espírito do programa: “Se pegarmos nosso condutor neutro com o nosso condutor fase, vamos fazer nossa luz brilhar também”.
Análise GZM
Projetos como esse enfrentam não apenas os desafios logísticos de operar dentro do sistema prisional, mas também o obstáculo invisível — e muitas vezes mais difícil — do preconceito.
A reinserção de ex-detentos no mercado de trabalho ainda é vista com desconfiança por muitos empregadores, o que torna a formação técnica e o suporte institucional ainda mais relevantes. Incluir o maior número possível de pessoas nos projetos de empresas e de país não é apenas uma questão de justiça social, mas de inteligência coletiva.
Afinal, nenhum plano de desenvolvimento será completo se continuar ignorando quem mais precisa de oportunidade.